Cuidado com o que deseja...

Sempre me disseram para ter cuidado com o que se deseja ou pede à Deus....

Concluí que, muitas vezes, as preces são ouvidas mesmo de lá onde se encontra ou reside o seu deus e que o universo conspira ao seu favor se a causa é nobre.

Mudei para Passo Fundo há cerca de seis meses, por motivo de trabalho. Passei um mês atrás de apartamento e acabei encontrando um no centro da cidade, num prédio até que bem bacaninha. Contudo, me sentia um pouco sozinha, não por falta de outra pessoa morando comigo, mas por falta de companhia de um pet (biólogos são assim, a maioria sempre está rodeada deles ou de plantas!).

A vontade era tanta, mas tanta, que numa bela noite, na semana do Natal, estava trabalhando no Muzar quando ouço um barulho diferente. Parecia uma mistura de vocalização de uma ave com qualquer outra coisa. De repente, silenciou. Vou até a cozinha para pegar um café para mim e para a Desirê, quando volto a ouvir aquele som. Eis que olho pela janela da secretaria e vejo nada mais, nada menos que um gatinho "bebê" abandonado e morrendo de fome (vai ver foi por isso que o miado soou tão estranho!!).

Saí correndo pela porta da frente e recolhi o bichano que era tão pequenininho que quase cabia na palma da minha mão que não é das maiores.

- E agora??? Eu e a Desi nos perguntávamos. Não tínhamos comida!!

Começamos a abrir os armários do Muzar à procura de algo para alimentar o bichinho indefeso e faminto. Só encontramos bolachas... Bolachas de água e sal. O bicho nem pensou duas vezes e devorou com tanta ferocidade aqueles pedacinhos de biscoito que cheguei a me assustar.

Depois que se saciou, tínhamos um outro problema. Já estava decidida a levar o gatinho para casa (que então descobrimos ser fêmea), mas como iria levar num "busão" da Coleurb????

Como disse antes, quando a causa é nobre o universo conspira ao seu favor. Apareceu uma alma benevolente que me ofereceu carona até em casa, a tia da Desirê que é professora na UPF. Ufa! Pelo menos cheguei bem em casa e a gatinha também. Já imaginaram o estrago que seria eu num ônibus da Coleurb e ainda com uma gatinha numa caixa hiper pequena a qual ela tentava sair a todo o instante?? Sem condições... mas enfrentaria igual se não tivesse surgido uma carona.

Cheguei em casa, comecei a olhar para a bichana. Um levantamento prévio me apavorou: infestada de pulgas, carrapatos e de sujeira. Não tinha o que fazer naquela noite, isolei a coitadinha num cômodo da casa para no outro dia dar-lhe um trato estético e sanitário.

Depois de devidamente higienizada, pensei em procurar um dono para ela, pois moro em uma kitinete e pensava muito em como seria o convívio com um bichinho num espaço tão pequeno. Contudo, fui surpreendida. A Janis (que não é a Joplin) a cada dia se mostrava mais querida, companheira e educada! Nem as necessidades fisiológicas precisei ensinar ela a fazer no lugar correto. Me apaixonei, já não tinha mais volta.

Dizem que alguns gatos escolhem os seus donos e eu acredito, realmente, que ela tenha me "adotado" naquele dia no Muzar. É muito bom chegar em casa, depois de um dia cansativo de trabalho e ser recebida por um bichinho fofo logo na entrada da porta, como se estivesse esperando.

Algumas pessoas não gostam de gatos. O que eu digo para elas, é que eu recebi um presente de Deus quando encontrei a minha gatinha Janis! =D

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A Janis.

Videocassetada.